Grupos Produtivos

O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas  trabalha desde 1992 para conservar a biodiversidade brasileira. Além de pesquisas com espécies da fauna e da flora e da restauração florestal, o Instituto tem como foco as pessoas. Por isso, seus projetos contemplam as necessidades de melhoria nas condições de vida do ser humano e a sua relação harmônica com o planeta. Assim, educação ambiental, envolvimento comunitário e desenvolvimento de alternativas de renda mais sustentáveis a populações são parte do nosso trabalho na Mata Atlântica, na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado. 

 

COSTURANDO O FUTURO 

A Mata Atlântica é uma das áreas naturais mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas do planeta. Uma das áreas deste bioma que ainda sobrevive fica no município de Nazaré Paulista (São Paulo), uma região natural estratégica, por conta da biodiversidade e dos recursos hídricos que possui. Ali, o IPÊ é responsável pela restauração de mais de 700 mil árvores que ajudam na sobrevivência de espécies da fauna e flora e na produção de água para o Sistema Cantareira de abastecimento, um dos maiores do mundo. Ali, a floresta sofre com as pressões humanas como o avanço da urbanização, o  corte de mata para pasto, e plantações de eucalipto para produção de carvão, atividade econômica bastante comum para sustento de muitas famílias. 

Com o objetivo de reduzir o impacto dessas atividades na natureza, o IPÊ passou a desenvolver, em 2002, o projeto Costurando o Futuro, com um grupo de mulheres da zona rural da cidade. A ideia central foi levar até elas informações sobre a importância da região onde vivem e buscar, em conjunto, novas alternativas de renda que pudessem dialogar melhor com o meio ambiente local. Com o apoio do IPÊ, as mulheres descobriram o bordado como nova atividade e a biodiversidade da Mata Atlântica como inspiração! 

Bolsas, camisetas, almofadas e acessórios bordados com desenhos da fauna e da flora têm garantido ao grupo um complemento na renda familiar. Ao mesmo tempo, levam, de forma lúdica e divertida, ao consumidor, informações sobre espécies brasileiras e o aproxima da rica biodiversidade que só existe no Brasil.

 

CAFÉ AGROFLORESTAL

O café produzido no Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste do estado de São Paulo, tem como base a implementação de um sistema diversificado, que associa o café (Coffea arabica L.) com o cultivo de culturas anuais como feijão, milho, mandioca e espécies de árvores nativas da Mata Atlântica. Dessa forma, desde 2001, os agricultores assentados de reforma agrária atrelaram restauração florestal com geração de renda; 100% do valor obtido com a venda é destinado aos produtores rurais. A iniciativa gera benefício à terra, à biodiversidade, ao produtor e ao consumidor. A presença das árvores neste sistema possibilita menor susceptibilidade à geada – um grande risco na produção do café. Além disso, com o manejo agroflorestal reduzem-se os danos causados pelo uso do agrotóxico, que afetam o produtor, o meio ambiente e quem consome os produtos ali gerados. Outra vantagem desse processo é a autossuficiência do produtor na condução da cultura do café, pois os insumos (biofertilizantes, inseticidas orgânicos e o homus de minhoca utilizado na adubação do café) podem ser encontrados na sua propriedade ou produzidos pelo agricultor, diminuindo os custos do cultivo 

 

BRINCOS - CÉLIO JÚNIOR

Essa biojóia foi produzida pelo jovem artesão indígena Célio Junior, com madeiras de reaproveitamento da Amazônia - árvores derrubadas pelo tempo ou barcos antigos. O artesanato é uma das principais atividades na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista, na região do baixo Rio Negro (Manaus-AM), onde existe uma parte importante da biodiversidade brasileira. Ali, Célio Júnior aprendeu a técnica com seu pai, Célio Arago, reconhecido artista indígena da região, que hoje também ensina artesanato a mais jovens aprendizes, dando a eles oportunidade de capacitação e renda. 

 

MEL - PROJETO CANASTRAS E COLMEIAS

O projeto Canastras e Colmeias surgiu a partir da necessidade de promover uma melhor convivência entre os apicultores e o tatu-canastra, espécie ameaçada de extinção. As mesmas áreas de florestas que os apicultores utilizam para colher o mel de floradas nativas são também poucas áreas restantes de mata que os tatus-canastra dependem para sobreviver. Com o desmatamento e a consequente redução da disponibilidade de alimentos, o tatu-canastra aprendeu a derrubar as colmeias em busca de larvas de abelha, causando danos e prejuízos para quem trabalha com a produção de mel e derivados. Assim, foi criado o “Guia de Convivência entre apicultores e tatus-canastra no Cerrado do Mato Grosso do Sul”, um material que reúne técnicas e propostas indicadas pelos próprios apicultores para evitar que as colmeias sejam atacadas pelo tatu-canastra. Para incentivar a utilização desses métodos de proteção e recompensar os apicultores parceiros da iniciativa, foi criado o selo “Amigo do Tatu-Canastra”, que possui uma certificação internacional e que irá agregar valor aos produtos que são produzidos de forma pacífica com a fauna silvestre.  Ou seja, além de se beneficiarem das boas práticas de manejo, aumentando seu rendimento e diminuindo danos e prejuízos, os produtores certificados ajudam na proteção dessa espécie que possui um papel fundamental para o ecossistema. Consumindo produtos com este selo você incentiva mais produtores a participarem do projeto.